quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Rotina

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Mais uma vez acordo, ao som do mesmo despertador de sempre. Abro lentamente os olhos, ofuscado pela falsa claridade de uma manhã nublada. Acendo o habitual primeiro cigarro do dia. Penso no que tenho de fazer hoje... vai ser um dia igual aos outros, passado no mesmo sítio, com as mesmas pessoas a fazer as mesmas coisas. Levanto-me da cama, tomo banho, visto-me. Já nem quero saber se tenho o cabelo penteado ou se pus cinto nas calças. Tudo o que eu quero é que o dia acabe. Saio de casa, fumo outro cigarro. Anseio por uma mudança, mas ela não vem. Passo o dia a sonhar, desatento e sem querer saber do resto do mundo. Volto para casa, cansado e sem vontade de acordar para viver o dia seguinte. Para quê? É tudo igual. Sou apenas mais um adolescente sonhador. Ao chegar a casa, deito-me na minha cama a fumar outro cigarro. Tenho na minha cabeça o dia que se passou. Recordo caras, vozes, mas pouco mais do que isso. Passei o dia a sonhar com o mesmo rosto e com a mesma voz, sei que é essa pessoa que pode fazer a diferença em mim. No entanto, continuo a sonhar e não arrisco. Prefiro viver nesta escuridão para o resto da vida do que ver o meu sonho escapar-me por entre os dedos. Os dias passam-se e só consigo ver o mesmo rosto e ouvir a mesma voz. Vagueio pelo fumo do tabaco, vejo-me com aquela pessoa para o resto da vida, mesmo que seja só em sonhos. Mas os sonhos não chegam, quero viver essa realidade, quero amar e ser amado. Preciso de sair deste mundo onde a única coisa que faço é sonhar. O concretizar de um sonho está à distância de um olhar, de uma palavra... de um beijo. Porque não arriscar? Tiro a minha cabeça das nuvens, abro os olhos e persigo o sonho. Corro e corro, estou tão perto, mas, por alguma razão, não consigo esticar a mão e chegar a ele. Entretanto começo a cansar-me, as pernas doem, tal como a alma. Mas, pelo menos desta vez, não quero desistir. Não posso desistir. Descanso um bocado, respiro fundo, olho para o céu cinzento mais uma vez. Apetece-me pintá-lo de azul, quero ver um sol a brilhar. Não posso desistir! Respiro fundo uma última vez e continuo a correr. Corro até sentir as minhas veias rebentarem. Sem eu sequer dar por isso, o sonho torna-se realidade. O céu continua cinzento, o sol continua coberto pelas nuvens, mas algo mudou. Já não estou a sonhar. Vejo o mesmo rosto dos meus sonhos, ele sorri para mim. A voz dentro da minha cabeça também é real, e diz-me ao ouvido que me ama. O meu ritmo cardíaco aumenta, o ar começa a faltar-me. Isto não pode ser real. Acordo. Pois, bem me parecia... Preparo-me para a mesma rotina de sempre. Mas ao sair de casa, sinto o telemóvel vibrar. Tiro-o do bolso, é uma mensagem. Leio-a. O meu ritmo cardíaco aumenta de novo. Não foi um sonho. Saio de casa a correr, com um sorriso na cara. O céu está pintado de azul, com o sol a brilhar mesmo lá em cima. O meu sonho estava à distância de um olhar, de uma palavra... de um beijo. E agora o meu sonho é real.

C, este é para ti <3

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