sábado, 17 de abril de 2010

Concerto dos 15 Anos de Tara Perdida na Voz do Operário


A partir dos 2 minutos e 17 segundos, vê-se a minha pequena figura a subir para o palco!

Os planos para ir a este concerto já vinham desde que ele foi anunciado. Já não ia a concertos desde 2009, já tinha saudades do mosh, de levar pontapés na boca dos crowdsurfers, do headbanging e da música alta. E, afinal de contas, são os 15 anos de Tara Perdida, uma das primeiras bandas que me acompanhou desde que eu comecei a infiltrar-me nesta onda mais pesada. Entretanto, devido a alguma falta de fundos, comecei a esquecer um bocado a ideia.

Ontem, à hora do jantar, comecei a sentir-me algo triste por não ir ao concerto, e falei com a minha mãe de modo a conseguir ir. E resultou. Apanhei um táxi e dirigi-me para a Voz do Operário, local onde se realizou o concerto de Tara Perdida. Eram umas 22h10, ou seja, já tinha passado a hora do início do concerto, e de lá de fora, eu ouvia o som das guitarras e a voz do capitão João Ribas.

Ao chegar à bilheteira, vi montes de gente à porta. Passei à frente dessas pessoas todas e disse que queria um bilhete para ver o concerto. Responderam-me que o concerto estava completamente esgotado. Fiquei lixado, obviamente, tinha feito o caminho para ali para nada. Ao pensar nisso, não desisti, tinha de entrar de qualquer maneira. Então fui a outra porta nas traseiras da Voz do Operário falar com o promotor, que dizia que não fazia ideia que os bilhetes estavam esgotados e que ia tratar da situação para podermos entrar.

Ao voltar para a porta principal, passei à frente das pessoas todas outra vez e contei aos senhores da bilheteira o que o promotor me disse, e responderam-me que o que ele disse era impossível, porque estavam mais de 1500 pessoas no recinto e não havia espaço para mais. Contudo, disseram-me para esperar 15 minutos. Esperei esses tais 15 minutos, e lá veio o promotor, com uns papéis baratos que serviriam de bilhete para o concerto. Paguei e corri a alta velocidade para a outra porta de modo a apresentar aquele bilhete improvisado e entrar.

Depois de apresentar o bilhete, entrei, já eléctrico. Subi as escadas a correr, o barulho da música apresentava-se cada vez mais alto. Quando cheguei ao recinto estava a começar a Batata Frita. Comecei a abanar a cabeça que nem um maluco e corri para o mosh. Infelizmente só apanhei mosh na parte final da música. Fui furando entre a multidão para chegar lá bem à frente. Olhei para o palco e vim um monte de gajos a fazer stage dives. Começou a música seguinte, e eu comecei a envolver-me no mosh, enquanto furava entre a multidão.

Depois de algumas músicas no mosh, resolvi fazer um stage dive. Guardei bem os meus bens pessoais, tirei a minha t-shirt dos Motörhead e prendi-a às minhas calças de ganga, porque estava cheio de calor e lá fui eu. Furei a multidão até chegar lá à frente, pedi licença e subi para o palco. Com mais uns dois ou três gajos em cima do palco, encarei o público, eléctrico e mistificado pela música. O meu coração bateu mais depressa, estava a ter a perspectiva que todas as bandas têm, e é espectacular. Sorri, enquanto as pessoas olhavam para mim à espera do meu salto. Dei uma gargalhada macabra e simplesmente saltei. Fui agarrado e passado pela multidão, até cair no colo de um tipo com cerca de 2 metros, que olhou para mim e riu-se.

Ao voltar para o chão, meti-me no mosh de novo, onde encontrei um conhecido meu. No meio do mosh, falámos um pouco e decidimos fazer outro stage dive. Furámos outra vez a multidão, subimos ao palco e estávamos prontos a saltar. Desta vez olhei para a banda, e consegui cumprimentar o João Ribas, vocalista. Fiz uma vénia à banda toda e saltei de novo. Com aquela gente toda a passar-me por cima delas, eu sentia-me no topo do mundo. Depois olhei para o palco de novo, o meu amigo saltou, e nós agarrámo-lo.

Depois de mais uns moshes, fui empurrado contra um canto, onde mandei abaixo a barreira da segurança. Levantámo-la como se estivéssemos a levantar uma pessoa que caiu no mosh, e siga o espectáculo! Mais um mosh, e à medida que o espectáculo chegava ao fim, a energia seguia exactamente o caminho contrário, pois estávamos cada vez mais eléctricos. Decidi ir ainda outra vez para o stage diving.

Fiz o procedimento habitual para subir ao palco, e lá em cima, cumprimentei um amigo meu que é segurança. Olhei para o público e, ao saltar, reparei que ainda estava uma pessoa a saltar, portanto arrependi-me e acabei por não efectuar o salto. Quando essa pessoa assentou pés no chão, eu saltei. Fui passado durante quase 1 minuto, e fui parar mesmo no centro do moshpit.

No fim da última música, apanhei uma palheta atirada pelo Ruka. Depois subi ao palco mais uma vez, mais montes de pessoas, cumprimentámos todos a banda e voltámos para baixo. O concerto tinha acabado. Procurei a minha camisola, mas ela não estava nas minhas calças, nem no palco, nem no chão. Perdeu-se. Não me importei muito, aquela camisola dos Motörhead não era, de todo, relevante, comparada com os sentimentos indescritíveis que tive naquele concerto. Posso dizer que foi o melhor concerto em que estive na vida.

Saí do recinto, e fui ao bar pedir uma água. Contudo, não havia bebida nenhumas. Não havia água, nem sumos, nem sequer cerveja. De tronco nu, saí à procura de um sítio para beber. Andei e andei, até que me perdi. Fui ver numa paragem de autocarro, e descobri que me encontrava num sítio chamado Vale Escuro. Apanhei um táxi, e saí na Av. Estados Unidos da América, à procura de mais sítios para beber qualquer coisa. Toquei à campainha de um sítio, e apesar de ter um aviso na porta a dizer que os menores não podiam entrar e apesar também de eu estar em tronco nu, não me deixaram entrar porque eu estava a usar ténis. Fui embora.

Encontrei outro sítio. Entrei, de tronco nu. O consumo mínimo era 6 euros, portanto tive de ficar lá algum tempo, a assistir a um concerto de uma banda que fazia covers de Katy Perry e afins, música de parasita, portanto. Depois de atingir o consumo mínimo, paguei e fui embora para casa a pé. Entrei em casa, olhei para a palheta e lembrei-me dos momentos do concerto. Fui para a cama e adormeci lá.

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