segunda-feira, 21 de junho de 2010

Paredes

Desprovidas de pensamentos, emoções, vida. São cheias de cor por fora, mas por dentro, são ocas, vazias. No entanto, são as paredes que nos dividem. Num lado estou eu, noutro estás tu. E cada um de nós não sabe o que o outro está a fazer. Tentei durante muito tempo deitar abaixo as paredes que me rodeavam e me afastavam de ti. Mas quanto mais tentava passar por elas, mais o meu corpo se magoava. Acabei por desistir. Continuo rodeado por quatro paredes, repletas de nada. Nada de nada. E tu estás do outro lado. Não me ouves quando grito o teu nome? Não sentes as pancadas constantes que dou nas paredes, numa tentativa falhada de deitá-las abaixo? O meu corpo não aguenta mais, mas o meu coração diz-me para continuar a tentar. Cansado, deixo-me envolver pelas paredes frias, e a pouco e pouco, torno-me uma parede também. Só consigo pensar em ti, a dor é a única coisa que sinto e a vida foge para cada vez mais longe. Gradualmente, deixo de me tornar um organismo vivo e passo apenas a ser parte da parede que nos separa.

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